Τρίτη 18 Φεβρουαρίου 2014

CARTAS DO JAPÃO -WENCESLAU DE MORAES

1905  ...ainda sou da epoca em que tal separacao consistia n'um simples cordel; de modo que o viajante recem chegado a Yokohama, e levado invariavelmente pelo guia matreiro a uma casa de banhos publicos, via n'um so relance de olhos o jucundo espectaculo do grupo de homens que se banhavam e do grupo de mulheres que se banhavam... separados por um fio de pudor 
O fio ja foi substituido por uma solida parede; isto nas cidades e pontos mais frequentados, porque nas aldeias e nos banhos de todas as hospedarias ainda persiste a mesma innocente promiscuidade dos velhos tempos. Ainda ha poucas semanas um missionario inglez contava pela imprensa o seguinte caso divertido. 
Achava-se elle, nao sei como, tomando o seu banho em certa hospedaria, modestamente recolhido a um canto do recinto; a distancia, uma familia japoneza deliciava-se em ablucoes, dando as costas ao reverendo; eis que, casualmente, o chefe de familia volta-se, fita o inglez, reconhece n'elle um amigo, seguindo-se as interminaveis cortezias proverbiaes; o japonez nao quer perder o ensejo de apresentar sua familia ao missionario, vindo entao cada qual por hierarchias, --primeiro a esposa, depois as filhas, depois as creancas, -prestar suas homenagens ao estrangeiro, na doce toilette de nymphas encharcadas, alvejantes de espuma de sabao. 
Ha alguns dias, eu contava este caso, lido n'um jornal, a um amigo europeu; este, que acabava de chegar de Matzuyama, onde em servico official tora conferenciar com os presos russos, narrou-me por seu turno que na vespera, tomando o seu banho matinal, encontrara o recinto regorgitando de freguezes; dentro da tina, as damas cortezmente conchegavam-se entre si, faziam logar, acenando-me que entrasse,

Agora, chego à minha porta. Busco nas algibeiras a chave do cadeado protector, que 
me garante das possíveis visitas dos ladrões. Encontro a chave; mas, cego pelas trevas, 
maldisposto pelo desconsolo em que me sinto, pelos embrulhos que me pesam, pela 
fadiga que me enerva, pela chuvinha que me molha, multiplico-me em tentativas, 
prodigalizo-me em manejos, sem conseguir dar com o buraco do cadeado e abrir a 
porta. Assim se passam uns minutos, que bem longos me pareceram e me iam levando 
quase ao desespero. Então, de dentro da rama espessa da árvore única, um carvalho, 
que se ergue robusto e vicejante mesmo à entrada do casebre, a luzinha azulada de um 
pirilampo surdiu e começou a volutear cerca de mim; tão próximo das minhas mãos e 
do cadeado, que me permitiu sem custo servir-me da chave eficazmente, podendo 
penetrar em minha casa. 
Abençoado insecto, que veio assim, na ampla curva do voo casual, tão gentilmente 
beneficiar-me!... Casual? E porque não premeditado?... Ponho-me agora a divagar em 
estranhas conjecturas. Nesta grande cidade de Tokushima, que conta cerca de setenta 
mil habitantes, duas únicas criaturas, ninguém mais, duas mulheres indígenas, filhas do 
povo, da mesma família, tia e sobrinha, OYoné e Ko-Haru, seriam capazes, se ainda 
existissem, de se dar à incómoda tarefa de virem de longe, arrastando as sandálias 
pela lama, lanterna de papel transparente suspensa dos deditos, para alumiarem o 
meu caminho e facilitarem-me a operação de abrir a minha porta. Mas estas duas 
criaturas já não podem vir aqui, jamais aqui virão; já não existem; morreram; morreu 
primeiro a tia, depois a sobrinha, num intervalo de quatro anos. Vi-as eu, ambas, 
jazerem frias, descoradas, sobre as colchas dos seus leitos, como hastes de plantas 
mimosas, que duas rajadas de tempestade houvessem cortado cerce, brutalmente. 
Não, já não podem vir aqui, jamais virão aqui. Quanto ao insecto, atribuir-lhe simples 

intenções benévolas a meu respeito, seria disparate. No entretanto, aquele insecto...

  
Não são os Japoneses que crêem que os seus mortos podem voltar à Terra, encarnados 
noutros corpos, uma ave por exemplo, um insecto por exemplo, embora conservando 
reminiscências afectivas de suas existências anteriores?... 
Após esta última interrogação, que o meu espírito a si próprio se fizera, senti não sei 
que angústia pesar tão duramente, que me estacou de súbito as pulsações do coração. 
Foi um momento apenas. Em seguida, mais sereno, não pude conter estas palavras: 
“Será O-Yoné?... Será Ko-Haru?...” A frase soltou-se-me a meia-voz dos lábios trémulos, 
ungida de amargura, e então, fitando o espaço negro, ainda distingui, longe porém, a 
rutilância exígua do insecto, como uma estrela pequenina, que subisse, que subisse em 
curvas serpentinas, até alcançar o firmamento!...


 TESTEMUNHOS DA INFLUÊNCIA DA LÍNGUA 

 Palavras portuguesas e japonesas adoptadas por ambos os países. 
(Armando Martins Janeira, O Impacto Português sobre a Civilização Japonesa: seguido 
de epílogo sobre as relações entre Portugal e o Japão do século XVII aos nossos dias, 

BANZÉ  - BANZAI

BIOMBO BYÔBO

BONZO BOZU

VIDRO BIDORO

SACANA SAKANA SAKANAYA PEIXE E PEIXEIRO

CANA E CATA CANA KANA KATAKANA

CATANA KATANA

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